sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Frases do Blog - Frases

“Nada lhe posso dar que já não exista em você mesmo. Não posso abrir-lhe outro mundo de imagens, além daquele que há em sua própria alma. Nada lhe posso dar a não ser a oportunidade, o impulso, a chave. Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo, e isso é tudo.”
Hermann Hesse

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Reportagens - Os superacelerados

Psicologia

A hipomania explica por que algumas pessoas vivem sempre a mil por hora.

Os distúrbios mentais costumam submeter seus portadores a situações de grande angústia, capazes de arruinar sua vida. Nos últimos tempos, a psiquiatria tem se debruçado sobre uma alteração que, às vezes, age de forma oposta: contribui para o sucesso pessoal e profissional do portador. A alteração chama-se hipomania, uma variante suave do transtorno bipolar, no qual o paciente alterna períodos de euforia com outros de depressão. Nos casos clássicos de transtorno bipolar, as mudanças de comportamento representam alto risco para o portador. Na euforia, ele se torna violento, perde a noção de realidade e toma atitudes bizarras ou perigosas. Quase sempre acaba internado, quando então mergulha numa depressão profunda que pode levar a atitudes suicidas. Nos hipomaníacos, o processo é diferente. A euforia se manifesta de forma consciente, é constante e, de modo geral, direcionada para atitudes produtivas. Pode durar meses, anos ou a vida inteira. Não há distorção grave da realidade e a depressão se resume a crises amenas, não muito diferentes daquelas a que qualquer pessoa está sujeita. Resultado: o distúrbio trabalha muitas vezes a favor de seu portador, dando a ele uma energia e um otimismo incomuns diante das situações do dia-a-dia. Calcula-se que pelo menos 6% da população mundial seja hipomaníaca.
É fácil reconhecer o hipomaníaco. No trabalho ou no convívio social, é aquele sujeito que parece ligado na tomada. Fala, pensa e age mais rápido que os demais. Dorme pouco, mas está sempre disposto, entusiasmado e cheio de idéias. Confiante, fala em projetos grandiosos. Faz várias coisas ao mesmo tempo e dá conta de todas elas. Em geral, os hipomaníacos são os mais populares da turma ou os "queridinhos" do chefe. Em muitos casos, são os próprios chefes. Esse é o lado bom da hipomania. As mesmas características levam os hipomaníacos a tomar atitudes que os prejudicam. Sua confiança sem limites faz com que reajam mal ao ser contrariados, mesmo em assuntos de pouca importância. Em casos extremos, sentem-se perseguidos por quem não concorda com suas opiniões. Tendem a assumir riscos exagerados, inclusive de vida. São propensos a comportamentos compulsivos, como gastar demais ou beber em excesso. "Os casamentos dos hipomaníacos costumam durar pouco", informa a psiquiatra Dóris Moreno, do Hospital das Clínicas de São Paulo. "É difícil conviver com alguém cuja autoconfiança é ilimitada e que não gosta de ser contrariado", ela completa.
Um livro recém-lançado nos Estados Unidos procura demonstrar que a hipomania está por trás dos feitos de muitos personagens célebres em todas as áreas do conhecimento. Em The Hypomanic Edge – The Link Between (a Little) Craziness and (a Lot of) Success in America (Os Limites da Hipomania – A Ligação entre (um pouco de) Loucura e (muito) Sucesso na América), o psiquiatra John D. Gartner, da Universidade Johns Hopkins, argumenta que a maioria dos empreendedores que fizeram a história dos Estados Unidos era hipomaníaca – a começar pelo próprio descobridor da América, o navegador genovês Cristóvão Colombo. Ele cultivava uma fé quase irracional em si mesmo. Também costumava ouvir vozes divinas falando-lhe sobre a viagem do descobrimento. "Como uma mão que podia ser sentida, Deus mostrou-me que era possível fazer a viagem e me encorajou a completar o projeto", escreveu Colombo à corte espanhola em 1500. Segundo Gartner, 39% dos hipomaníacos relatam presságios divinos ou sentem-se impulsionados por vozes internas. O americano Henry Ford, pioneiro da indústria automobilística, citado no livro como um hipomaníaco histórico, tinha como mantra o seguinte raciocínio: "Tudo pode sempre ser feito mais rápido". Não por acaso, Ford inventou também a linha de montagem, que reduziu drasticamente o tempo de produção de seus veículos.
Entre os contemporâneos analisados no livro de Gartner está o geneticista americano Craig Venter, um dos maiores cientistas da atualidade, chefe da equipe que concluiu o mapeamento do genoma humano em 2000. Venter concordou em se submeter a testes conduzidos pelo psiquiatra e, ao final, admitiu ser hipomaníaco. "Durante toda a vida me achei meio amalucado. Tinha tantas idéias grandiosas que era difícil manter o foco em uma delas. Mas sempre tive esse senso de grandeza, sabia que ocuparia um lugar importante na história", disse Venter a Gartner. Para os hipomaníacos, o céu é o limite.
Fonte: Veja.com
Reportagem
Gabriela Carelli

Reportagens - Coração intocado

Angioplastia e remédios diminuem a necessidade de cirurgias cardíacas.

O médico Trajano Vayas lembra-se em detalhes daquela sexta-feira, 13 de setembro de 1996. Como de costume, ele acordou pouco antes das 7 da manhã. Mas, ao se levantar, imediatamente caiu no chão. Por alguns segundos, seu coração parara de bater. Levado ao hospital, só havia uma opção: ele deveria ser operado. O peito foi aberto para a colocação de duas pontes de safena e uma mamária. Passaram-se seis anos e uma de suas pontes também entupiu. Dessa vez, Vayas foi poupado da mesa de operação. Seu coração foi revascularizado graças a uma angioplastia, que remove placas de gordura das artérias por meio de um cateter. Desde o início desta década, ele passou por mais duas angioplastias. Atualmente, suas artérias mantêm-se desobstruídas graças a um coquetel de remédios. O caso de Vayas ilustra uma revolução na cardiologia: as cirurgias, antes inevitáveis em caso de infarto e outras ocorrências similares, perderam terreno para os procedimentos menos invasivos e para os medicamentos que ajudam a prevenir novos ataques. "Vive-se uma nova era na cardiologia, com uma redução considerável na indicação das operações coronárias",diz o cardiologista Raul Dias dos Santos, diretor da unidade clínica de lípides do Instituto do Coração (Incor), de São Paulo.
Ao longo dos últimos dez anos, os principais centros de cardiologia do mundo registraram uma queda de 30% no número de cirurgias de revascularização, como as pontes de safena e mamária. Hoje, de cada três intervenções para a desobstrução arterial, apenas uma é cirurgia. As outras duas são angioplastias. A tendência é que mesmo a angioplastia perca espaço para os tratamentos clínicos, com remédios. Os antigos conceitos começaram a ser revistos com a publicação de pesquisas comparativas sobre a eficácia das cirurgias, da angioplastia e do acompanhamento clínico para os pacientes vítimas de obstruções arteriais. Os trabalhos mais recentes indicam que, para os doentes crônicos, as três técnicas oferecem resultados semelhantes. Sendo assim, por que abrir o peito do paciente se o problema dele pode ser resolvido com um cateter ou simplesmente um remédio?
Otavio Dias de Oliveira
REMÉDIOS QUE SALVAMA dona-de-casa Gisleine Calpacci teve uma ameaça de infarto. O problema dela foi controlado graças a um coquetel de comprimidos
Dos estudos sobre a conduta mais adequada no tratamento de doentes cardíacos, dois merecem destaque. Um deles, o Mass II, foi conduzido pelo cardiologista brasileiro Whady Hueb, do Incor. Durante cinco anos, o médico e sua equipe compararam a evolução de cerca de 600 pacientes, divididos em três grupos. Os pertencentes ao primeiro foram tratados com remédios e mudanças de hábitos de vida. Os do segundo, submetidos à angioplastia. E aqueles agrupados no terceiro conjunto, encaminhados à colocação de ponte de safena ou mamária. Avaliou-se a incidência de infarto e morte nos três grupos. Tema de capa da edição de março da revista americana Circulation, uma das principais revistas científicas da cardiologia mundial, o Mass II mostrou que praticamente não houve diferença de resultados.
O segundo estudo é o americano Courage. A análise de quase 2 300 pessoas pretendia avaliar se a angioplastia, associada a um tratamento clínico rigoroso, superava a terapia à base apenas de remédios. Depois de quatro anos e meio de acompanhamento, chegou-se à conclusão de que não houve diferenças nas taxas de mortalidade, infarto ou derrame entre os que fizeram angioplastia e os que tomaram somente medicamentos. O principal autor do Courage, o médico William Boden, professor de medicina e saúde pública da Universidade Buffalo, nos Estados Unidos, escreveu: "A evolução das terapias medicamentosas elevou o tratamento clínico ao patamar das técnicas intervencionistas, ainda hoje a primeira opção de muitos cardiologistas". Os resultados desse trabalho foram apresentados no último Congresso do Colégio Americano de Cardiologia, realizado no início do ano, e – como era de esperar – causaram polêmica. "A principal crítica ao estudo é o fato de que seus autores não incluíram no protocolo da pesquisa os stents farmacológicos, que aumentaram a eficácia da angioplastia em até 90%", diz o cardiologista José Eduardo Sousa, diretor médico do Hospital do Coração, de São Paulo. Os stents são próteses metálicas que, colocadas no interior de artérias coronarianas obstruídas, normalizam o fluxo de sangue para o coração. Os mais modernos são recobertos por medicamentos que inibem o crescimento de tecido – o que reduz os riscos de uma nova obstrução. Com eles, apenas 2% dos pacientes têm de passar por uma segunda intervenção em seis meses. Com os stents tradicionais, o índice de reobstrução chega a 20%.
É bom que se frise que as pontes de safena e mamária continuam a ser imprescindíveis nos casos de pacientes de altíssimo risco – como os diabéticos ou aqueles que apresentam o músculo cardíaco comprometido e mais de três artérias obstruídas. Para eles, a cirurgia ainda é o método mais recomendado para aumentar a sobrevida e aplacar os sintomas recorrentes da doença coronária, como a dor. Obviamente, a recuperação é mais delicada e sofrida. Muitas pessoas, no período pós-operatório, são acometidas de depressão. Esse quadro, contudo, é passageiro. Também não se duvida de que a angioplastia tem resultados superiores em pacientes de urgência – aqueles que estão infartando – ou em vítimas de dores agudas, mas não contínuas (as anginas instáveis). Mas é certo que, em relação aos pacientes com doença coronariana estável, o tratamento medicamentoso, por si só, tem se revelado eficiente.
A primeira angioplastia realizada com sucesso em seres humanos data de trinta anos atrás. O pioneiro foi o médico alemão Andreas Grüntzig. De lá para cá, a sua aplicação expandiu-se velozmente. Ela foi fundamental para a queda pela metade do número de mortes por ataque cardíaco verificada desde o fim da década de 90. Comparada aos procedimentos mais invasivos, a angioplastia é extremamente simples. A internação não costuma passar de dois dias, e, em uma semana, o paciente está habilitado a voltar às atividades rotineiras. No Brasil, em 2006, estima-se que tenham sido feitas 80 000 angioplastias, de acordo com dados do Sistema Único de Saúde – quase o dobro do número de cirurgias cardíacas de grande envergadura.
Daniel Aratangy
ELE PASSOU POR TUDOO médico Trajano Vayas: dez anos atrás, cirurgia; hoje, angioplastia e remédios
A maior surpresa, no entanto, é a constatação de que os remédios podem ser tão eficazes quanto uma angioplastia ou uma operação. Hoje, os médicos lançam mão de combinações de remédios como estatinas, anti-hipertensivos e aspirina. As estatinas, lançadas em meados da década de 80, revolucionaram a prevenção e o tratamento do colesterol alto, um dos piores inimigos do coração. Entre os remédios mais eficazes para controlar a pressão sanguínea estão os inibidores da ECA. Foi um desses coquetéis que salvou o coração da dona-de-casa Gisleine Calpacci, de 55 anos. Com as artérias obstruídas, ela quase infartou. No passado, Gisleine iria direto para a mesa de cirurgia. Seu médico, no entanto, optou pela terapia medicamentosa. Graças aos nove comprimidos diários, ela está bem.
Há pouco mais de três anos, descobriu-se a existência de placas moles de gordura, um veneno escondido nas artérias. A corrente mais moderna da cardiologia sustenta que 70% dos infartos se devem a elas. Indetectáveis por meio de exames convencionais, como o ecocardiograma, o cateterismo ou o teste de esforço cardíaco, elas se desprendem e entopem as artérias, levando ao infarto. Nem as cirurgias nem a angioplastia são capazes de destruir essas placas, formadas por cálcio, colesterol e outras gorduras circulantes. Contra elas, o que há de mais efetivo é o tratamento agressivo com remédios que baixam o colesterol e a pressão arterial, além de mudanças no estilo de vida. Essa descoberta ajudou a reduzir o número de procedimentos invasivos até em pacientes que já sofreram infarto.
A queda no número de operações cardíacas para a colocação de pontes de safena ou mamária começa inclusive a mudar o perfil dos cirurgiões. Os mais experientes estão migrando para outras áreas, como a da cirurgia torácica. Os mais jovens, por sua vez, enfrentam dificuldades para conseguir trabalho. Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos com cerca de 100 residentes em fase final de treinamento mostrou que 12% deles não haviam recebido nenhuma oferta de trabalho para exercer a cirurgia cardíaca, conforme artigo publicado na revista médica Annals of Thoracic Surgery. No Brasil, a tendência é a mesma. "Os residentes de cirurgia cardíaca estão desistindo da especialidade, porque esse campo se restringiu bastante", diz o cardiologista Eduardo Sousa, diretor médico do Hospital do Coração. "Ao mesmo tempo, aumentou a procura por residência em cirurgia vascular, em que há a opção de operações menos invasivas, feitas por intermédio de cateter." Até outras grandes cirurgias cardíacas, como as de implantação de válvulas e as de correção de anomalias, por exemplo, já podem ser feitas por meio de cateter – ou seja, não precisam ser realizadas necessariamente por um cirurgião cardíaco que abra o peito do paciente. "Imagine um salão de baile, com os cirurgiões cardíacos em um canto, sem que ninguém os tire para dançar: essa é a situação desse mercado hoje em dia", compara Kurt Mosley, vice-presidente da consultoria Merritt, Hawkins & Associates, especializada na área de saúde, em entrevista ao jornal americano USA Today. "Dez anos atrás, contudo, eles eram os primeiros a ser chamados para dançar."
A cirurgia cardíaca é um campo relativamente novo da medicina. Por muitos anos, o coração foi considerado um órgão intocável. Em 1881, o médico austríaco Theodor Billroth, pioneiro da cirurgia abdominal, declarou: "Qualquer cirurgião que vier a tentar uma operação do coração deveria perder o respeito de seus colegas". A primeira cirurgia cardíaca seria realizada quinze anos depois da declaração de Billroth pelo alemão Ludwig Rehn. Em setembro de 1896, ele suturou com sucesso um ferimento no ventrículo direito do coração de um rapaz de 20 anos. Em 1902, em um artigo publicado na revista da Associação Médica Americana, fazia uma observação curiosa: embora a distância para um bisturi chegar ao coração não seja maior do que 1 polegada, passaram-se 2 400 anos até que a cirurgia pudesse percorrer esse caminho. A primeira cirurgia de revascularização seria realizada em 1967, na Cleveland Clinic. "Durante muito tempo, por falta de opção de tratamento, safenas e mamárias constituíam a norma", diz o médico Raul Santos. Era absolutamente necessário entrar na faca para sair com vida. Hoje, o que está saindo de cena é a faca.
Fonte: Veja.com
Reportagem
Anna Paula Buchalla
Veja Tambem:Em profundidade: Coração

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Reportagens - Ato médico é aprovado na Câmara

Ato médico é aprovado e segue para o plenário
A caminho do plenário, ato médico ainda divide categorias da área da saúde

A Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara aprovou nesta quarta-feira (14) o projeto de lei que regulamenta e estabelece as atividades privativas do profissional de medicina. O relatório do deputado Eleuses Paiva (DEM-SP) ao projeto denominado “ato médico” foi aprovado por unanimidade, após a retirada de dois destaques que modificavam pontos polêmicos da proposta.
O relatório foi aprovado sob forte comemoração de médicos presentes na reunião. Farmacêuticos, fisioterapeutas, enfermeiros e outros profissionais da área de saúde também comemoraram em parte o texto aprovado, mas prometeram manter no plenário a pressão para que sejam feitas outras mudanças no projeto.
Entre as alterações na Comissão de Seguridade, o relator incluiu entre as atividades não privativas dos médicos “os diagnósticos psicológico, nutricional e socioambiental, e as avaliações comportamental e das capacidades mental, sensorial, perceptocognitiva e psicomotora”.
O relator manteve a possibilidade de que outros profissionais da área de saúde exerçam a atividade de acupuntura. A mudança já havia sido feita pelo relator do ato médico na Comissão de Educação e Cultura, deputado Lobbe Neto (PSDB-SP), que acolheu uma emenda que retira das atividades privativas dos médicos “o estímulo cutâneo em tonificação ou sedação”.
Polêmica
Entre as mudanças ainda sem consenso, está a alteração sugerida pelo deputado Marcelo Serafim (PSB-AM), farmacêutico-bioquímico de formação. Serafim afirma que, em plenário, tentará retirar do projeto o item que classifica como privativo dos médicos “o diagnóstico citopatológico”.
O texto aprovado na comissão anterior já retirava da lista de prerrogativas dos médicos a realização de exames citopatológicos (como o papanicolau) e seus laudos, mas mantinha esse tipo de diagnóstico como privativo dos médicos.
“Já entendemos que o projeto explicita que o laudo do exame citopatológico pode ser realizado pelos outros profissionais da saúde. Nossa preocupação é que, mantido o termo ‘diagnóstico citopatológico’ como privativo dos médicos, isso gere lá na frente a possibilidade de dizer que a realização do exame também é privativo dos médicos, no entendimento de que o exame é diagnóstico. A gente já queria deixar isso resolvido”, explica o autor do destaque retirado.
O destaque do parlamentar amazonense foi retirado após entendimento com o relator da matéria. Eleuses Paiva se comprometeu a levar a discussão para o Ministério de Saúde, para que não seja desrespeitada a regulamentação de outros profissionais da área. “Não se pode passar por cima da regulamentação de outras profissões. Se não tiver esse trabalho por parte de outros profissionais, não vai ter gente suficiente para fazer a leitura das lâminas com a pressa fundamental para a saúde”, argumentou Serafim.
Sem consenso
Outro impasse que será levado para o plenário é a retirada do rol de atividades privativas dos médicos os “procedimentos invasivos que impliquem a penetração em orifícios naturais do corpo, que atingem órgãos internos”. Um exemplo desse tipo de procedimento é a coleta de material da orofaringe. Para realizar essa coleta, é necessária a realização de um procedimento invasivo na boca.
Segundo o autor do destaque retirado sobre o assunto, deputado Lobbe Neto, “a coleta de material biológico é condição primordial para a realização dos exames laboratoriais” e “na maioria dos procedimentos, os profissionais da área de saúde necessitam invadir orifícios naturais do corpo para obtenção do material a ser analisado”.
Também deve ir para plenário a discussão sobre o papel do médico em campanhas de saúde, como o Programa Nacional de Vacinação. Parlamentares argumentam que não estão claras quais funções serão privativas dos médicos nesses programas. “Não entendemos como ficou. Se, por exemplo, em uma campanha de vacinação, a vacina precisará de prescrição médica. Isso precisa ser mais bem esclarecido”, questionou a deputada Rita Camata (PSDB-ES).
Tramitação
A proposta agora segue para votação em plenário. A intenção é apreciar o projeto na próxima terça-feira (20), quando será realizada na Casa uma sessão solene em homenagem ao Dia do Médico, comemorado no dia 18 de outubro.
“A proposta foi aprovada por unanimidade [na Comissão de Seguridade] e, inclusive, foram retirados os destaques. Se esse acordo for mantido, está resolvido”, considerou o deputado Rafael Guerra (PSDB-MG). Guerra, que na semana passada afirmou que a classe médica não deveria fazer mais concessões aos outros profissionais de saúde, considerou satisfatório o relatório aprovado nesta manhã.
O projeto do ato médico tramita no Congresso há sete anos. A proposta chegou à Câmara em dezembro de 2006, após ser apreciada no Senado. Na Câmara, já passou pelas comissões de Trabalho, de Constituição e Justiça (CCJ), de Educação e Cultura e agora de Seguridade Social e Família. A proposta tramita em caráter de urgência.
fonte: Ig noticias
Reportagem de Renata Camargo

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Frases do blog - Frases

"Quem olha para fora sonha; quem olha para dentro, acorda"... C.G.Jung

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Reportagens - Transplantes - Muito além da Cirugia

Medicina

Nenhum procedimento influenciou tantas especialidadesmédicas quanto os transplantes. Seus benefícios estendem-seàs mais diversas áreas – da infectologia à cardiologia, da imunologia às pesquisas com células-tronco

Na sala 11 do centro cirúrgico do Instituto do Coração de São Paulo, nove profissionais, entre médicos, enfermeiras e instrumentistas, estão prontos para a realização de mais um transplante cardíaco. Há pelo menos uma hora e meia, o paciente está na mesa de operação, o tórax escancarado por espátulas de metal, já sem o seu próprio coração, a circulação sanguínea a cargo de uma máquina pesadona, colocada ao lado. O cirurgião Ronaldo Honorato Santos entra apressado. Nas mãos, um pote branco. Dentro dele, o coração do doador – extraído uma hora antes do corpo de um rapaz morto em um acidente de carro no interior paulista. Mergulhado em compostos de preservação, em baixa temperatura, o coração, pálido e murcho, é retirado do recipiente e entregue ao médico Alberto Fiorelli, cirurgião responsável pela operação. O transplante começa. Fiorelli ajusta o tamanho dos vasos sanguíneos do coração doador às medidas do receptor e acomoda o órgão no peito do paciente. As vozes dos médicos misturam-se às conversas vindas do corredor. Frequentemente, um celular toca. Algumas ligações são atendidas; outras, ignoradas.
Quase duas horas depois do início da cirurgia, 70% dos vasos sanguíneos do novo coração já estão conectados aos do paciente. Agora, o silêncio toma conta da sala. Pela primeira vez, os cirurgiões Fiorelli e Honorato colocam os bisturis e tesouras de lado. Seus olhos estão fixos no novo coração, ainda apagado no peito do doente. É o momento mais angustiante de um transplante: a espera pelo instante em que o órgão doado volta a funcionar no corpo do receptor. Cerca de um minuto se passa e nada. Fiorelli começa a massagear o novo coração com as mãos. Aos poucos, o órgão perde a palidez e ganha volume. É sinal de que o sangue circula por ele. O cirurgião rompe o silêncio com uma ordem:
– Adrenalina.
Uma enfermeira lhe entrega uma seringa e ele injeta o medicamento numa veia logo acima do músculo cardíaco. Três minutos depois, o coração finalmente começa a bater. Seu ritmo ainda é descompassado. Para regulá-lo, os médicos aplicam choques elétricos por meio de um desfibrilador. Só depois de normalizados os batimentos é que se conecta o restante dos vasos sanguíneos.
Os transplantes estão entre os procedimentos mais complexos e fascinantes da medicina. A doentes que já esgotaram todas as chances de cura para seus males, hoje é oferecida a possibilidade de substituir, além do coração, rim, fígado, pulmão, pâncreas, intestino, córnea, medula óssea, pele, valva cardíaca, ossos e esclera ocular. Setenta cirurgias do gênero são realizadas todos os dias no Brasil – o que representa um aumento de 10% de 2007 para 2008. Esses números só não são maiores porque, não bastasse o fato de as doações serem em quantidade insuficiente, o sistema de captação e distribuição de órgãos no país é falho. Para contemplar os 70.000 brasileiros à espera de um transplante seria necessário setuplicar o número de doadores.
Apesar desses problemas, os transplantes salvam todos os anos a vida de cerca de 5 000 brasileiros. Indiretamente, no entanto, eles beneficiam um contingente muito maior de pessoas – impossível de ser mensurado. Isso porque, para garantir a sobrevivência dos pacientes transplantados, foi necessário esmiuçar ainda mais o funcionamento do corpo humano, refinar e inventar técnicas cirúrgicas e aprimorar e desenvolver remédios antirrejeição. De tais pesquisas resultaram descobertas valiosas para as mais diversas especialidades – da cardiologia à imunologia, da medicina intensiva à infectologia. "Nenhum outro procedimento influenciou tantas áreas médicas quanto os transplantes", diz o cirurgião hepático Silvano Raia, professor emérito da Universidade de São Paulo. Os transplantes exercem sobre as outras especialidades o que se costuma chamar de "efeito Nasa". A expressão refere-se ao impacto das tecnologias desenvolvidas pela agência espacial americana sobre o nosso dia a dia.
Um dos campos que mais lucraram com as conquistas da medicina dos transplantes foi o da imunologia, graças ao estudo dos processos envolvidos na rejeição de um órgão. O salto que essa área da medicina deu nas últimas cinco décadas é comparável à passagem da idade da pedra para a idade das luzes. Até os anos 60, acreditava-se que as principais células de defesa do organismo eram os linfócitos B, responsáveis pela produção de anticorpos. As pesquisas com os primeiros transplantados revelaram, porém, a existência de outro grupo de linfócitos, os T, muito mais ativos e potentes do que os B. E, entre os linfócitos T, verificou-se, em meados dos anos 80, que as células CD4 são as verdadeiras comandantes do sistema imune diante da presença de um agente estranho ao organismo. Tal descoberta facilitou (e muito) o trabalho dos estudiosos que desvendaram o mecanismo de ação do HIV, o vírus da aids – e, consequentemente, agilizou a criação de medicamentos contra a doença.
No processo típico de rejeição a um transplante, os linfócitos T ativam a reação contra o órgão doado – como se o novo coração ou fígado fosse um inimigo a ser destruído. O mapeamento dos mecanismos envolvidos nesse ataque foi essencial para o entendimento das doenças autoimunes. Entre elas, o diabetes tipo 1. Em 1984, médicos da cidade americana de Minneapolis realizaram um transplante de pâncreas (um pedaço dele) entre irmãs gêmeas idênticas. Pouco tempo depois da cirurgia, apesar de o novo órgão não ter sido rejeitado, a receptora voltou a apresentar os sintomas da doença. Uma investigação mais aprofundada revelou que o sistema imune dela destruíra as células pancreáticas produtoras de insulina. O problema surgido do transplante entre as gêmeas americanas confirmou o que algumas pesquisas apenas indicavam: o diabetes tipo 1 resulta do ataque do sistema imunológico do doente contra seu próprio organismo. Abriu-se dessa forma um novo capítulo no tratamento do distúrbio.
Como o transplante é um recurso extremo, só os doentes em estado gravíssimo entram na fila de espera por um novo órgão. E, não raro, os médicos recorrem a tratamentos experimentais na tentativa de garantir a vida dos pacientes até que eles cheguem à mesa de cirurgia. Lançados na década de 60, os betabloqueadores eram indicados inicialmente apenas para o combate da hipertensão. Vinte anos depois, médicos americanos passaram a usar o remédio para vítimas de insuficiência cardíaca e hipertensão que aguardavam um coração novo. Tal conduta era evitada por receio de que o medicamento reduzisse ainda mais a contração do músculo cardíaco, piorando o quadro clínico do doente. Não foi o que ocorreu. Mais: o uso de betabloqueadores possibilitou que 20% dos pacientes saíssem da fila. Disseminou-se, assim, a administração desse tipo de remédio entre as vítimas de insuficiência. Hoje, nove em cada dez o tomam.
De todas as contribuições dos transplantes para a medicina, nenhuma é tão fascinante quanto a que deu origem às investigações sobre as células-tronco. Depois da II Guerra Mundial, ao estudarem os efeitos da radiação em ratos de laboratório, médicos americanos e canadenses passaram a suspeitar que havia na medula óssea células capazes de regenerar as células sanguíneas destruídas pela contaminação radioativa. A tais células eles deram o nome de primitivas. Veio dos primeiros transplantes de medula, nos anos 60, a comprovação prática de que tal hipótese estava correta. A medula é uma fonte rica em células capazes de regenerar, além do sangue, outros órgãos e tecidos. Estava aberto o caminho para que fossem identificadas as células-tronco, a grande esperança da medicina para a cura dos mais diversos males.
A literatura médica registra que o primeiro transplante de órgão bem-sucedido foi um de rim, realizado em 1954, em Boston, nos Estados Unidos, entre irmãos gêmeos idênticos. A sanguinolência dos procedimentos pioneiros impressionava até mesmo o mais frio dos cirurgiões. "Hoje, praticamente não há perda de sangue durante uma cirurgia", diz o cirurgião Sergio Mies, chefe da equipe de transplantes do Instituto Dante Pazzanese, em São Paulo. Para se ter uma ideia, os primeiros transplantes de fígado duravam até 24 horas (hoje levam em média cinco horas) e era preciso usar uma bomba de infusão rápida que injetava quase 20 litros de sangue no decorrer da cirurgia.
Em que pesem todos os avanços, a rejeição continua a ser o grande desafio da medicina dos transplantes. A descoberta, nos anos 80, de imunossupressores mais precisos e potentes significou uma revolução, ao aumentar drasticamente a sobrevida dos operados. Exemplo: o índice de pacientes vivos um ano depois de um transplante de rim saltou de 70% para quase 100%. Mas ainda se está longe do ideal. Tais remédios devem ser tomados por toda a vida e oferecem reações adversas severas. A solução pode vir dos estudos sobre imunorregulação. Os especialistas buscam um composto capaz de evitar a rejeição sem que seja necessário deprimir o sistema imune do paciente. Há também, é claro, a aposta nas terapias com células-tronco. Com elas, chegaria ao fim o problema da rejeição, uma vez que órgãos e tecidos criados em laboratório poderiam ser programados com a genética do paciente. Se tudo der certo nesse sentido, em um futuro não muito distante a medicina deve encerrar um ciclo. As células-tronco, descobertas nas primeiras transferências de medula, devem transformar os transplantes – do modo como os conhecemos hoje – em procedimentos do passado.
VEJA TAMBÉM
Fonte: Veja.com

Reportagens - Crianças também podem desenvolver transtorno bipolar

Mais de 40% dos pequenos com a doença continuam com sintomas na vida adulta


O estudo defende a idéia de que as crianças podem, sim, desenvolver transtorno bipolar, diagnóstico controverso mesmo em adultos. E, muito embora os detalhes ainda não sejam precisos, a maior parte dos médicos acreditam nessa possibilidade. Segundo a autora do estudo, Barbara Geller, professora de psiquiatria na Washington University, crianças com esse transtorno podem apresentar a doença na vida adulta. Os pesquisadores, que tiveram seus resultados publicados na revista Archives of General Psychiatry, acompanharam 115 crianças de aproximadamente 11 anos, que foram diagnosticadas com transtorno bipolar entre 1995 e 1998. Oito anos depois, 54 estavam com mais de 18 anos e 44% desses pacientes ainda tinham episódios da crise. Agora os pesquisadores estão estudando como a genética influencia nesse quadro e a possibilidade de um exame das funções cerebrais determinar se uma criança sofre do distúrbio.

Fonte: Abril.com.br

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Frases do Blog - Frases

" O pensamento é o ensaio da ação". ...

Freud

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Vídeos - Vencer


Vencer é transformar um sonho em objetivo escrito e mensurável. Traçar cada meta e buscá-la sempre, até atingi-la.Vencer é ter coragem de no meio do nada, acreditar que pode tudo e fazer acontecer.Vencer é apesar de tudo que possa acontecer, acreditar nas pessoas e saber que por de traz de cada ato humano, por mais difícil que alguém possa parecer há sempre uma intenção positiva para consigo.Vencer é ter a esperança sempre renovada, lembrando que o sol nasce todos os dias e para todos.Vencer é ter um sentimento profundo de fé, força e perseverança mesmo em momentos difíceis.Vencer é saber transformar boa vontade em ações positivas e realizadoras nas piores situações, dores e desilusões.Vencer é continuar caminhando quando o peso de caminhar só ou mesmo contra a correnteza não consegue lhe parar.Vencer é sempre se lembrar da pessoa especial que você é, mesmo quando alguns não acreditam no que você pode fazer.Vencer é encontrar a criança que há dentro de você e amá-la, a verdadeira ação social começa dentro de nós mesmos.Vencer é carregar esta criança no colo e deixá-la sonhar, pois ela sabe que não há sonhos impossíveis, o que há são sonhadores que desistiram, muitas vezes até mesmo, antes de tentar.Vencer é saber que você está exatamente sempre no lugar onde você mesmo se colocou. Se responsabilizar por isso e sempre se comprometer em estar em um lugar melhor.Vencer é se reconhecer um grande vencedor e vencer!
Autor: Flávio souza

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Vídeos - Motivação



"O Mestre na arte da vida faz pouca distinção entre o seu trabalho e o seu lazer, entre a sua mente e o seu corpo, entre a sua educação e a sua recreação, entre o seu amor e a sua religião. Ele dificilmente sabe distinguir um corpo do outro. Ele simplesmente persegue sua visão de excelência em tudo que faz, deixando para os outros a decisão de saber se está trabalhando ou se divertindo. Ele acha que está sempre fazendo as duas coisas simultaneamente."
Texto budista

Reportagens - Técnica pode detectar riscos de desenvolver câncer de mama

Canadá

Cientistas canadenses revelaram uma técnica experimental que permite detectar de maneira mais rápida e fácil as mulheres que apresentam risco elevado de desenvolver câncer de mama. O procedimento foi divulgado nesta quarta-feira na revista americana Science Translational Medicine.
O novo equipamento permite realizar exames de rotina para medir o nível de diferentes hormônios nas pacientes. "As mulheres que sofrem de câncer de mama apresentam uma concentração nos tecidos mamários de estrogênio e seus derivados claramente superior àquelas que não têm tumor", explicaram os pesquisadores da Universidade de Toronto.
"Apesar disso, os níveis de estrogênio das mulheres em situação de risco não são medidos regularmente, já que as técnicas atuais requerem extrações significativas de tecido mamário", acrescenta a ginecologista canadense Noha Mousa, principal autora da pesquisa.
A nova tecnologia - batizada de microfluídica - permite medir minúsculas gotas de estrogênio em amostras mil vezes menores do que as necessárias até agora. Seu mecanismo utiliza a eletricidade para separar e purificar estas pequenas gotas de hormônios a partir de uma mistura celular que cabe em um chip eletrônico do tamanho de um cartão de crédito.
Com esta inovação, os médicos poderão ver rapidamente se uma terapia contra o câncer é eficaz ou detectar outros problemas, como a infertilidade nas mulheres e o câncer de próstata nos homens. Mousa utilizará a nova técnica para medir os níveis de estrogênio em um estudo clínico que começará em breve com mais de 200 canadenses que apresentam alto risco de desenvolver câncer de mama.
Este estudo tentará determinar se um tratamento que neutralize o estrogênio durante um ano é capaz de reduzir o risco de câncer.
Fonte: Veja.com
(Com agência France-Presse)

Reportagens - Câncer pode ser transmitido no útero

Saúde

Cientistas confirmaram pela primeira vez um caso de transmissão de câncer pelo útero. Segundo um estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, células cancerosas de uma mulher com leucemia foram passadas para sua filha através da placenta. Os médicos, no entanto, salientam que o risco é remoto.

A descoberta foi feita por uma equipe do Instituto de Pesquisa do Câncer, da Universidade de Londres, em parceria com pesquisadores no Japão. Os cientistas analisaram o caso de uma japonesa que morreu semanas após o parto, por complicações de leucemia. Meses depois, sua filha foi diagnosticada com linfoma, hoje em remissão.
Apesar de serem dois tipos de câncer diferentes, os pesquisadores resolveram analisar se havia alguma ligação entre as doenças. Eles viram então que as células cancerosas da mãe e do bebê carregavam exatamente a mesma mutação genética, mas que a menina não havia herdado o gene canceroso. Em outras palavras, o bebê não teria desenvolvido a doença sozinho.
"Aparentemente, neste e, supomos, em outros casos de transmissão de câncer de mãe para o bebê, as células cancerosas maternas de fato atravessaram a placenta até o feto em desenvolvimento e conseguiram se implantar, porque eram invisíveis ao sistema imunológico", explicou o professor Mel Greaves, líder do estudo. "Mas destacamos... que as chances de uma grávida com câncer passar a doença para seu filho são remotas".
Outros 17 casos de transmissão de câncer pelo útero já haviam sido relatados, mas nenhum foi conformado.
VEJA TAMBÉM
Fonte: Veja.com

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Vídeos - Return to innocence

Tradução

O retorno à inocência - Enigma

Amor, devoção,Sentimento, emoção

Não seja medroso por ser fraco

Não seja tão orgulhoso por ser forte

Apenas olhe dentro de seu coração, meu amigo

Esse será o retorno a você mesmo O retorno à inocência

Se você quer, então comece a rir

Se você deve, então comece a chorar

Seja você mesmo não se esconda

Apenas acredite no destino

Não se importe com o que os outros dizem

Apenas siga seu próprio caminho

Não desista e use a chance

Para retornar à inocência

Esse não é o começo do fim

Esse é o retorno a você mesmo

O retorno à inocência

Vamos retornar à inocência.

Textos diversos - Luto e Melancolia


LUTO E MELANCOLIA – Sigmund Freud – 1917

Tendo os sonhos nos servido de protótipo das perturbações mentais narcisistas na vida normal, tentaremos agora lançar alguma luz sobre a natureza da melancolia, comparando-a com o afeto normal do luto. Dessa vez, porém, devemos começar por fazer uma confissão, como advertência contra qualquer superestimação do valor de nossas conclusões. A melancolia, cuja definição varia inclusive na psiquiatria descritiva, assume várias formas clínicas, cujo agrupamento numa única unidade não parece ter sido estabelecido com certeza, sendo que algumas dessas formas sugerem afecções antes somáticas do que psicogênicas. Nosso material, independentemente de tais impressões acessíveis a todo observador, limita-se a um pequeno número de casos de natureza psicogênica indiscutível. Desde o início, portanto abandonaremos toda e qualquer reivindicação à validade geral de nossas conclusões, e nos consolaremos com a reflexão de que, com os meios de pesquisa à nossa disposição hoje em dia, dificilmente descobriríamos alguma coisa que não fosse típica, se não de toda uma classe de perturbações, pelo menos de um pequeno grupo delas.
A correlação entre a melancolia e o luto parece ser justificada pelo quadro geral dessas duas condições. Além disso, as causas excitantes devidas a influências ambientais são, na medida em que podemos discerni-las, as mesmas para ambas as condições. O luto, de modo geral, é a reação à perda de um ente querido, à perda de alguma abstração que ocupou o lugar de um ente querido, como o país, a liberdade ou o ideal de alguém, e assim por diante. Em algumas pessoas, as mesmas influências produzem melancolia em vez de luto; por conseguinte, suspeitamos de que essas pessoas possuem uma disposição patológica. Também vale a pena notar que, embora o luto envolva graves afastamentos daquilo que constitui a atitude normal para com a vida, jamais nos ocorre considerá-lo como sendo uma condição patológica e submetê-lo a tratamento médico. Confiamos em que seja superado após certo lapso de tempo, e julgamos inútil ou mesmo prejudicial qualquer interferência em relação a ele.
Os traços mentais distintivos da melancolia são um desânimo profundamente penoso, a cessação de interesse pelo mundo externo, a perda da capacidade de amar, a inibição de toda e qualquer atividade, e uma diminuição dos sentimentos de auto-estima a ponto de encontrar expressão em auto-recriminação e auto-envilecimento, culminando numa expectativa delirante de punição. Esse quadro torna-se um pouco mais inteligível quando consideramos que, com uma única exceção, os mesmos traços são encontrados no luto. A perturbação da auto-estima está ausente no luto; afora isso, porém, as características são as mesmas. O luto profundo, a reação à perda de alguém que se ama, encerra o mesmo estado de espírito penoso, a mesma perda de interesse pelo mundo externo - na medida em que este não evoca esse alguém -, a mesma perda da capacidade de adotar um novo objeto de amor (o que significaria substituí-lo) e o mesmo afastamento de toda e qualquer atividade que não esteja ligada a pensamentos sobre ele. É fácil constatar que essa inibição e circunscrisão do ego é expressão de uma exclusiva devoção ao luto, devoção que nada deixa a outros propósitos ou a outros interesses. E, realmente, só porque sabemos explicá-la tão bem é que essa atitude não nos parece patológica.
Parece-nos também uma comparação adequada chamar a disposição para o luto de ‘dolorosa’. É bem provável que vejamos a justificação disso quando estivermos em condições de apresentar uma caracterização da economia da dor.
Em que consiste, portanto, o trabalho que o luto realiza? Não me parece forçado apresentá-lo da forma que se segue. O teste da realidade revelou que o objeto amado não existe mais, passando a exigir que toda a libido seja retirada de suas ligações com aquele objeto. Essa exigência provoca uma oposição compreensível - é fato notório que as pessoas nunca abandonam de bom grado uma posição libidinal, nem mesmo, na realidade, quando um substituto já se lhes acena. Esta oposição pode ser tão intensa, que dá lugar a um desvio da realidade e a um apego ao objeto por intermédio de uma psicose alucinatória carregada de desejo. Normalmente, prevalece o respeito pela realidade, ainda que suas ordens não possam ser obedecidas de imediato. São executadas pouco a pouco, com grande dispêndio de tempo e de energia catexial, prolongando-se psiquicamente, nesse meio tempo, a existência do objeto perdido. Cada uma das lembranças e expectativas isoladas através das quais a libido está vinculada ao objeto é evocada e hipercatexizada, e o desligamento da libido se realiza em relação a cada uma delas. Por que essa transigência, pela qual o domínio da realidade se faz fragmentariamente, deve ser tão extraordinariamente penosa, de forma alguma é coisa fácil de explicar em termos de economia. É notável que esse penoso desprazer seja aceito por nós como algo natural. Contudo, o fato é que, quando o trabalho do luto se conclui, o ego fica outra vez livre e desinibido.
Apliquemos agora à melancolia o que aprendemos sobre o luto. Num conjunto de casos é evidente que a melancolia também pode constituir reação à perda de um objeto amado. Onde as causas excitantes se mostram diferentes, pode-se reconhecer que existe uma perda de natureza mais ideal. O objeto talvez não tenha realmente morrido, mas tenha sido perdido enquanto objeto de amor (como no caso, por exemplo, de uma noiva que tenha levado o fora). Ainda em outros casos nos sentimos justificados em sustentar a crença de que uma perda dessa espécie ocorreu; não podemos, porém, ver claramente o que foi perdido, sendo de todo razoável supor que também o paciente não pode conscientemente receber o que perdeu. Isso, realmente, talvez ocorra dessa forma, mesmo que o paciente esteja cônscio da perda que deu origem à sua melancolia, mas apenas no sentido de que sabe quem ele perdeu, mas não o que perdeu nesse alguém. Isso sugeriria que a melancolia está de alguma forma relacionada a uma perda objetal retirada da consciência, em contraposição ao luto, no qual nada existe de inconsciente a respeito da perda.
No luto, verificamos que a inibição e a perda de interesse são plenamente explicadas pelo trabalho do luto no qual o ego é absorvido. Na melancolia, a perda desconhecida resultará num trabalho interno semelhante, e será, portanto, responsável pela inibição melancólica. A diferença consiste em que a inibição do melancólico nos parece enigmática porque não podemos ver o que é que o está absorvendo tão completamente. O melancólico exibe ainda uma outra coisa que está ausente no luto - uma diminuição extraordinária de sua auto-estima, um empobrecimento de seu ego em grande escala. No luto, é o mundo que se torna pobre e vazio; na melancolia, é o próprio ego. O paciente representa seu ego para nós como sendo desprovido de valor, incapaz de qualquer realização e moralmente desprezível; ele se repreende e se envilece, esperando ser expulso e punido. Degrada-se perante todos, e sente comiseração por seus próprios parentes por estarem ligados a uma pessoa tão desprezível. Não acha que uma mudança se tenha processado nele, mas estende sua autocrítica até o passado, declarando que nunca foi melhor. Esse quadro de um delírio de inferioridade (principalmente moral) é completado pela insônia e pela recusa a se alimentar, e - o que é psicologicamente notável - por uma superação do instinto que compele todo ser vivo a se apegar à vida.
Seria igualmente infrutífero, de um ponto de vista científico e terapêutico, contradizer um paciente que faz tais acusações contra seu ego. Certamente, de alguma forma ele deve estar com a razão, e descreve algo que é como lhe parece ser. Devemos, portanto, confirmar de imediato, e sem reservas, algumas de suas declarações. Ele se encontra, de fato, tão desinteressado e tão incapaz de amor e de realização quanto afirma. Mas isso, como sabemos, é secundário; trata-se do efeito do trabalho interno que lhe consome o ego - trabalho que, nos sendo desconhecido, é, porém, comparável ao do luto. O paciente também nos parece justificado em fazer outras auto-acusações; apenas, ele dispõe de uma visão mais penetrante da verdade do que outras pessoas que não são melancólicas. Quando, em sua exacerbada autocrítica, ele se descreve como mesquinho, egoísta, desonesto, carente de independência, alguém cujo único objetivo tem sido ocultar as fraquezas de sua própria natureza, pode ser, até onde sabemos, que tenha chegado bem perto de se compreender a si mesmo; ficamos imaginando, tão-somente, por que um homem precisa adoecer para ter acesso a uma verdade dessa espécie. Com efeito, não pode haver dúvida de que todo aquele que sustenta e comunica a outros uma opinião de si mesmo como esta (opinião que Hamlet tinha a respeito tanto de si quanto de todo mundo), está doente, quer fale a verdade, quer se mostre mais ou menos injusto para consigo mesmo. Tampouco é difícil ver que, até onde podemos julgar, não há correspondência entre o grau de autodegradação e sua real justificação. Uma mulher boa, capaz e conscienciosa, não terá palavras mais elogiosas para si mesma, durante a melancolia, do que uma que de fato seja desprovida de valor; realmente, talvez a primeira tenha mais probabilidades de contrair a doença do que a segunda, a cujo respeito também nós nada teríamos a dizer de bom. Por fim, deve ocorrer-nos que, afinal de contas, o melancólico não se comporta da mesma maneira que uma pessoa esmagada, de uma forma normal, pelo remorso e pela auto-recriminação. Sentimentos de vergonha diante de outras pessoas, que, mais do qualquer outra coisa, caracterizariam essa última condição, faltam ao melancólico, ou pelo menos não são proeminentes nele. Poder-se-ia ressaltar a presença nele de um traço quase oposto, de uma insistente comunicabilidade, que encontra satisfação no desmascaramento de si mesmo.
O ponto essencial, portanto, não consiste em saber se a autodifamação aflitiva do melancólico é correta, no sentido de que sua autocrítica esteja de acordo com a opinião de outras pessoas. O ponto consiste, antes, em saber se ele está apresentando uma descrição correta de sua situação psicológica. Ele perdeu seu amor-próprio e deve ter tido boas razões para tanto. É verdade que então nos deparamos com uma contradição que coloca um problema de difícil solução. A analogia com o luto nos levou a concluir que ele sofrera uma perda relativa a um objeto; o que o paciente nos diz aponta para uma perda relativa a seu ego.
Antes de passarmos a essa contradição, detenhamo-nos um pouco no conceito que a perturbação do melancólico oferece a respeito da constituição do ego humano. Vemos como nele uma parte do ego se coloca contra a outra, julga-a criticamente, e, por assim dizer, toma-a como seu objeto. Nossa desconfiança de que o agente crítico, que aqui se separa do ego, talvez também revele sua independência em outras circunstâncias, será confirmada ao longo de toda a observação ulterior. Realmente, encontraremos fundamentos para distinguir esse agente do restante do ego. Aqui, estamo-nos familiarizando com o agente comumente denominado ‘consciência’; vamos incluí-lo, juntamente com a censura da consciência e do teste da realidade, entre as principais instituições do ego, e poderemos provar que ela pode ficar doente por sua própria causa. No quadro clínico da melancolia, a insatisfação com o ego constitui, por motivos de ordem moral, a característica mais marcante. Freqüentemente, a auto-avaliação do paciente se preocupa muito menos com a enfermidade do corpo, a feiúra ou a fraqueza, ou com a inferioridade social; quanto a essa categoria, somente seu temor da pobreza e as afirmações de que vai ficar pobre ocupam posição proeminente.
Há uma observação, de modo algum difícil de ser feita, que leva à explicação da contradição mencionada acima [no fim do penúltimo parágrafo]. Se se ouvir pacientemente as muitas e variadas auto-acusações de um melancólico, não se poderá evitar, no fim, a impressão de que freqüentemente as mais violentas delas dificilmente se aplicam ao próprio paciente, mas que, com ligeiras modificações, se ajustam realmente a outrem, a alguém que o paciente ama, amou ou deveria amar. Toda vez que se examinam os fatos, essa conjectura é confirmada. É assim que encontramos a chave do quadro clínico: percebemos que as auto-recriminações são recriminações feitas a um objeto amado, que foram deslocadas desse objeto para o ego do próprio paciente.
A mulher que lamenta em altos brados o fato de o marido estar preso a uma esposa incapaz como ela, na verdade está acusando o marido de ser incapaz, não importando o sentido que ela possa atribuir a isso. Não há por que se surpreender com o fato de haver algumas auto-recriminações autênticas difundidas entre as que foram transpostas. Permite-se que estas se intrometam, de uma vez que ajudam a mascarar as outras e a tornar impossível o reconhecimento do verdadeiro estado de coisas. Além disso, elas derivam dos prós e dos contras do conflito amoroso que levou à perda do amor. Também o comportamento dos pacientes, agora, se torna bem mais inteligível. Suas queixas são realmente ‘queixumes’, no sentido antigo da palavra. Eles não se envergonham nem se ocultam, já que tudo de desairoso que dizem sobre eles próprios refere-se, no fundo, à outra pessoa. Além disso, estão longe de demonstrar perante aqueles que o cercam uma atitude de humildade e submissão, única que caberia a pessoas tão desprezíveis. Pelo contrário, tornam-se as pessoas mais maçantes, dando sempre a impressão de que se sentem desconsideradas e de que foram tratadas com grande injustiça. Tudo isso só é possível porque as reações expressas em seu comportamento ainda procedem de uma constelação mental de revolta, que, por um certo processo, passou então para o estado esmagado de melancolia.
Não é difícil reconstruir esse processo. Existem, num dado momento, uma escolha objetal, uma ligação da libido a uma pessoa particular; então, devido a uma real desconsideração ou desapontamento proveniente da pessoa amada, a relação objetal foi destroçada. O resultado não foi o normal - uma retirada da libido desse objeto e um deslocamento da mesma para um novo -, mas algo diferente, para cuja ocorrência várias condições parecem ser necessárias. A catexia objetal provou ter pouco poder de resistência e foi liquidada. Mas a libido livre não foi deslocada para outro objeto; foi retirada para o ego. Ali, contudo, não foi empregada de maneira não especificada, mas serviu para estabelecer uma identificação do ego com o objeto abandonado. Assim a sombra do objeto caiu sobre o ego, e este pôde, daí por diante, ser julgado por um agente especial, como se fosse um objeto, o objeto abandonado. Dessa forma, uma perda objetal se transformou numa perda do ego, e o conflito entre o ego e a pessoa amada, numa separação entre a atividade crítica do ego e o ego enquanto alterado pela identificação.
Uma ou duas coisas podem ser diretamente inferidas no tocante às precondições e aos efeitos de um processo como este. Por um lado, uma forte fixação no objeto amado deve ter estado presente; por outro, em contradição a isso, a catexia objetal deve ter tido pouco poder de resistência. Conforme Otto Rank observou com propriedade, essa contradição parece implicar que a escolha objetal é efetuada numa base narcisista, de modo que a catexia objetal, ao se defrontar com obstáculos, pode retroceder para o narcisismo. A identificação narcisista com o objeto se torna, então, um substituto da catexia erótica, e, em conseqüência, apesar do conflito com a pessoa amada, não é preciso renunciar à relação amorosa. Essa substituição da identificação pelo amor objetal constitui importante mecanismo nas afecções narcisistas; Karl Laudauer (1914), recentemente, teve ocasião de indicá-lo no processo de recuperação num caso de esquizofrenia. Ele representa, naturalmente, uma regressão de um tipo de escolha objetal para o narcisismo original. Mostramos em outro ponto que a identificação é uma etapa preliminar da escolha objetal, que é a primeira forma - e uma forma expressa de maneira ambivalente - pela qual o ego escolhe um objeto. O ego deseja incorporar a si esse objeto, e, em conformidade com a fase oral ou canibalista do desenvolvimento libidinal em que se acha, deseja fazer isso devorando-o. Abraham, sem dúvida, tem razão em atribuir a essa conexão a recusa de alimento encontrada em formas graves de melancolia.
A conclusão que nossa teoria exigiria - a saber, que a tendência a adoecer de melancolia (ou parte dessa tendência) reside na predominância do tipo narcisista da escolha objetal - infelizmente ainda não foi confirmada pela observação. Nas observações introdutórias deste artigo, admiti que o material empírico em que se fundamentou este estudo é insuficiente para as nossas necessidades. Se pudéssemos presumir um acordo entre os resultados da observação e o que inferimos, não hesitaríamos em incluir em nossa caracterização da melancolia essa regressão da catexia objetal para a fase oral ainda narcisista da libido. Também nas neuroses de transferência as identificações com o objeto de modo algum são raras; na realidade, constituem um conhecido mecanismo de formação de sintomas, especialmente na histeria. Contudo, a diferença entre a identificação narcisista e a histérica pode residir no seguinte: ao passo que na primeira a catexia objetal é abandonada, na segunda persiste e manifesta sua influência, embora isso em geral esteja confinado a certas ações e inervações isoladas. Seja como for, também nas neuroses de transferência a identificação é a expressão da existência de algo em comum, que pode significar amor. A identificação narcisista é a mais antiga das duas e prepara o caminho para uma compreensão da identificação histérica, que tem sido estudada menos profundamente.
A melancolia, portanto, toma emprestado do luto alguns dos seus traços e, do processo de regressão, desde a escolha objetal narcisista para o narcisismo, os outros. É por um lado, como o luto, uma reação à perda real de um objeto amado; mas, acima de tudo isso, é assinalada por uma determinante que se acha ausente no luto normal ou que, se estiver presente, transforma este em luto patológico. A perda de um objeto amoroso constitui excelente oportunidade para que a ambivalência nas relações amorosas se faça efetiva e manifesta. Onde existe uma disposição para a neurose obsessiva, o conflito devido à ambivalência empresta um cunho patológico ao luto, forçando-o a expressar-se sob forma de auto-recriminação, no sentido de que a própria pessoa enlutada é culpada pela perda do objeto amado, isto é, que ela a desejou. Esses estados obsessivos de depressão que se seguem à morte de uma pessoa amada revelam-nos o que o conflito devido à ambivalência pode alcançar por si mesmo quando também não há uma retração regressiva da libido. Na melancolia, as ocasiões que dão margem à doença vão, em sua maior parte, além do caso nítido de uma perda por morte, incluindo as situações de desconsideração, desprezo ou desapontamento, que podem trazer para a relação sentimentos opostos de amor e ódio, ou reforçar uma ambivalência já existente. Esse conflito devido à ambivalência, que por vezes surge mais de experiências reais, por vezes mais de fatores constitucionais, não deve ser desprezado entre as precondições da melancolia. Se o amor pelo objeto - um amor que não pode ser renunciado, embora o próprio objeto o seja - se refugiar na identificação narcisista, então o ódio entra em ação nesse objeto substitutivo, dele abusando, degradando-o, fazendo-o sofrer e tirando satisfação sádica de seu sofrimento. A autotortura na melancolia, sem dúvida agradável, significa, do mesmo modo que o fenômeno correspondente na neurose obsessiva, uma satisfação das tendências do sadismo e do ódio relacionadas a um objeto, que retornaram ao próprio eu do indivíduo nas formas que vimos examinando. Via de regra, em ambas as desordens, os pacientes ainda conseguem, pelo caminho indireto da autopunição, vingar-se do objeto original e torturar o ente amado através de sua doença, à qual recorrem a fim de evitar a necessidade de expressar abertamente sua hostilidade para com ele. Afinal de contas, a pessoa que ocasionou a desordem emocional do paciente, e na qual na doença se centraliza, em geral se encontra eu seu ambiente imediato. A catexia erótica do melancólico no tocante a seu objeto sofreu assim uma dupla vicissitude: parte dela retrocedeu à identificação, mas a outra parte, sob a influência do conflito devido à ‘ambivalência’, foi levada de volta à etapa de sadismo que se acha mais próxima do conflito.
É exclusivamente esse sadismo que soluciona o enigma da tendência ao suicídio, que torna a melancolia tão interessante - e tão perigosa. Tão imenso é o amor de si mesmo do ego (self-love), que chegamos a reconhecer como sendo o estado primevo do qual provém a vida instintual, e tão vasta é a quantidade de libido narcisista que vemos liberada no medo surgido de uma ameaça à vida, que não podemos conceber como esse ego consente em sua própria destruição. De há muito, é verdade, sabemos que nenhum neurótico abriga pensamentos de suicídio que não consistam em impulsos assassinos contra outros, que ele volta contra si mesmo, mas jamais fomos capazes de explicar que forças interagem para levar a cabo esse propósito. A análise da melancolia mostra agora que o ego só pode se matar se, devido ao retorno da catexia objetal, puder tratar a si mesmo como um objeto - se for capaz de dirigir contra si mesmo a hostilidade relacionada a um objeto, e que representa a reação original do ego para com objetos do mundo externo. Assim, na regressão desde a escolha objetal narcisista, é verdade que nos livramos do objeto; ele, não obstante, se revelou mais poderoso do que o próprio ego. Nas duas situações opostas, de paixão intensa e de suicídio, o ego é dominado pelo objeto, embora de maneiras totalmente diferentes.

Quanto ao marcante traço particular da melancolia que mencionamos [ver em[1]], a proeminência do medo de ficar pobre, parece plausível supor que se origina do erotismo anal que foi arrancado de seu contexto e alterado num sentido regressivo.
A melancolia ainda nos confronta com outros problemas, cuja resposta em parte nos escapa. O fato de desaparecer após certo tempo, sem deixar quaisquer vestígios de grandes alterações, é uma característica que ela compartilha com o luto. Verificamos, à guisa de explanação [ver em [1] e [2]], que, no luto, se necessita de tempo para que o domínio do teste da realidade seja levado a efeito em detalhe, e que, uma vez realizado esse trabalho, o ego consegue libertar sua libido do objeto perdido. Podemos imaginar que o ego se ocupa com um trabalho análogo no decorrer de uma melancolia; em nenhum dos dois casos dispomos de qualquer compreensão interna (insight) da economia do curso dos eventos. Na melancolia, a insônia atesta a rigidez da condição, a impossibilidade de se efetuar o retraimento geral das catexias necessário ao sono. O complexo de melancolia se comporta como uma ferida aberta, atraindo a si as energias catexiais - que nas neuroses de transferência denominamos de ‘anticatexias’ - provenientes de todas as direções, e esvaziando o ego até este ficar totalmente empobrecido. Facilmente, esse complexo pode provar ser resistente ao desejo, por parte do ego, de dormir.
O que provavelmente é um fator somático, fator este que não pode ser explicado psicologicamente, torna-se visível na melhoria regular da condição, que se verifica por volta do anoitecer. Essas considerações nos levam a perguntar se uma perda no ego, independentemente do objeto - um golpe puramente narcisista contra o ego -, não bastará para produzir o quadro de melancolia, e se um empobrecimento da libido do ego, diretamente por causa de toxinas, não será capaz de produzir certas formas da doença.
A característica mais notável da melancolia, e aquela que mais precisa de explicação, é sua tendência a se transformar em mania - estado este que é o oposto dela em seus sintomas. Como sabemos, isso não acontece a toda melancolia. Alguns casos seguem seu curso em recaídas periódicas, entre cujos intervalos sinais de mania talvez estejam inteiramente ausentes ou sejam apenas muito leves. Outros revelam a alteração regular de fases melancólicas e maníacas que leva à hipótese de uma insanidade circular. Veríamo-nos tentados a considerar esses casos como não sendo psicogênicos, se não fosse o fato de que o método psicanalítico conseguiu chegar a uma solução e efetuar uma melhoria terapêutica em vários casos precisamente dessa espécie. Não é apenas permissível, portanto, mas imperioso, estender uma explanação analítica da melancolia também à mania.
Não posso prometer que essa tentativa venha a ser inteiramente satisfatória. Mal nos leva além da possibilidade de tomarmos nossa orientação inicial. Temos duas coisas a empreender: a primeira é uma impressão psicanalítica; a segunda, o que talvez possamos chamar de um tema de experiência econômica geral. A impressão que vários investigadores psicanalíticos já puseram em palavras é que o conteúdo da mania em nada difere do da melancolia, que ambas as desordens lutam com o mesmo ‘complexo’, mas que provavelmente, na melancolia, o ego sucumbe ao complexo, ao passo que, na mania, domina-o ou o põe de lado. Nosso segundo indicador é proporcionado pela observação de que todos os estados, tais como a alegria, a exultação ou o triunfo, que nos fornecem o modelo normal para a mania, dependem das mesmas condições econômicas. Aqui, aconteceu que, como resultado de alguma influência, um grande dispêndio de energia psíquica, de há muito mantido ou que ocorre habitualmente, finalmente se torna desnecessário, de modo que se encontra disponível para numerosas aplicações e possibilidades de descarga - quando, por exemplo, algum pobre miserável, ganhando uma grande soma de dinheiro, fica subitamente aliviado da preocupação crônica com seu pão de cada dia, ou quando uma longa e árdua luta se vê afinal coroada de êxito, ou quando um homem se encontra em condições de se desfazer, de um só golpe, de alguma compulsão opressiva, alguma posição falsa que teve de manter por muito tempo, e assim por diante. Todas essas situações se caracterizam pela animação, pelos sinais de descarga de uma emoção jubilosa e por maior disposição para todas as espécies de ação - da mesma maneira que na mania, e em completo contraste com a depressão e a inibição da melancolia. Podemos aventurar-nos a afirmar que a mania nada mais é do que um triunfo desse tipo; só que aqui, mais uma vez, aquilo que o ego dominou e aquilo sobre o qual está triunfando permanecem ocultos dele. A embriaguez alcoólica, que pertence à mesma classe de estados, pode (na medida em que é de exaltação) ser explicada da mesma maneira; aqui, provavelmente, ocorre uma suspensão, produzida por toxinas, de dispêndios de energia na repressão. A opinião popular gosta de presumir que uma pessoa num estado maníaco desse tipo se deleita no movimento e na ação porque ela é muito ‘alegre’. Naturalmente, essa falsa conexão deve ser corrigida. O fato é que a condição econômica na mente do indivíduo, mencionada acima, foi atendida, sendo essa a razão por que ele se acha tão animado, por um lado, e tão desinibido em sua ação, por outro.
Se reunirmos essas duas indicações, encontraremos o seguinte. Na mania, o ego deve ter superado a perda do objeto (ou seu luto pela perda, ou talvez o próprio objeto), e, conseqüentemente, toda a quota de anticatexia que o penoso sofrimento da melancolia tinha atraído para si vinda do ego e ‘vinculado’ se terá tornado disponível [ver em [1]]. Além disso, o indivíduo maníaco demonstra claramente sua liberação do objeto que causou seu sofrimento, procurando, como um homem vorazmente faminto, novas catexias objetais.
Essa explicação certamente parece plausível, mas, em primeiro lugar, é por demais idefinida, e, em segundo, dá margem a mais novos problemas e dúvidas do que podemos responder. Não fugiremos a um exame dos mesmos, embora não possamos esperar que esse exame nos leve a uma compreensão nítida.
Em primeiro lugar, também o luto normal supera a perda de objeto, e também, enquanto persiste, absorve todas as energias do ego. Por que, então, depois de seguir seu curso, não há, em seu caso, qualquer indício da condição econômica necessária a uma fase de triunfo? Acho impossível responder a essa objeção diretamente. Também chama a nossa atenção para o fato de que nem sequer conhecemos os meios econômicos pelos quais o luto executa sua tarefa [ver em [1]]. Possivelmente, contudo, uma conjectura nos ajudará aqui. Cada uma das lembranças e situações de expectativa que demonstram a ligação da libido ao objeto perdido se defrontam com o veredicto da realidade segundo o qual o objeto não mais existe; e o ego, confrontado, por assim dizer, com a questão de saber se partilhará desse destino, é persuadido, pela soma das satisfações narcisistas que deriva de estar vivo, a romper sua ligação com o objeto abolido. Talvez possamos supor que esse trabalho de rompimento seja tão lento e gradual, que, na ocasião em que tiver sido concluído, o dispêndio de energia necessária a ele também se tenha dissipado.
É tentador continuar a partir dessa conjectura sobre o trabalho do luto e tentar apresentar um relato do trabalho da melancolia. Aqui, de início, nos defrontamos com uma incerteza. Até agora, quase não consideramos a melancolia do ponto de vista topográfico, nem perguntamos a nós mesmos, nesse meio tempo, em que ou entre que sistemas psíquicos o trabalho de melancolia se processa. Que parte dos processos mentais da doença ainda se verifica em conexão com as catexias objetais inconscientes abandonadas, e que parte em conexão com seu substituto, por identificação, no ego?
A resposta rápida e fácil é que ‘a apresentação (da coisa) inconsciente do objeto foi abandonada pela libido’. Na realidade, contudo, essa apresentação é composta de inumeráveis impressões isoladas (ou traços inconscientes delas) e essa retirada da libido não é um processo que possa ser realizado num momento, mas deve, por certo, como no luto, ser um processo extremamente prolongado e gradual. Se ele começa simultaneamente em vários pontos ou se segue alguma espécie de seqüência fixa não é fácil decidir; nas análises, torna-se freqüentemente evidente que primeiro uma lembrança, e depois outra, é ativada, e que os lamentos que soam sempre como os mesmos, e são tediosos em sua monotonia, procedem, não obstante, cada vez de uma fonte inconsciente diferente. Se o objeto não possui uma tão grande importância para o ego - importância reforçada por mil elos -, então também sua perda não será suficiente para provocar quer o luto, quer a melancolia. Essa característica de separar pouco a pouco a libido deve, portanto, ser atribuída de igual modo ao luto e à melancolia, sendo provavelmente apoiada pela mesma situação econômica e servindo aos mesmos propósitos em ambos.
Como já vimos, contudo [ver em [1] e segs.], a melancolia contém algo mais que o luto normal. Na melancolia, a relação com o objeto não é simples; ela é complicada pelo conflito devido a uma ambivalência. Esta ou é constitucional, isto é, um elemento de toda relação amorosa formada por esse ego particular, ou provém precisamente daquelas experiências que envolveram a ameaça da perda do objeto. Por esse motivo, as causas excitantes da melancolia têm uma amplitude muito maior do que as do luto, que é, na maioria das vezes, ocasionado por uma perda real do objeto, por sua morte. Na melancolia, em conseqüência, travam-se inúmeras lutas isoladas em torno do objeto, nas quais o ódio e o amor se digladiam; um procura separar a libido do objeto, o outro, defender essa posição da libido contra o assédio. A localização dessas lutas isoladas só pode ser atribuída ao sistema Ics., a região dos traços de memória de coisas (em contraste com as catexias da palavra). No luto, também, os esforços para separar a libido são envidados nesse mesmo sistema; mas nele nada impede que esses processos sigam o caminho normal através do Pcs. até a consciência. Esse caminho, devido talvez a um certo número de causas ou a uma combinação delas, está bloqueado para o trabalho da melancolia. A ambivalência constitucional pertence por natureza ao reprimido; as experiências traumáticas em relação ao objeto podem ter ativado outro material reprimido. Assim, tudo que tem que ver com essas lutas devidas à ambivalência permanece retirado da consciência, até que o resultado característico da melancolia se fixe. Isso, como sabemos, consiste no abandono, por fim, do objeto pela catexia libidinal ameaçada, só que, porém, para recuar ao local do ego de onde tinha provindo. Dessa forma, refugiando-se no ego, o amor escapa à extinção. Após essa regressão da libido, o processo pode tornar-se consciente, sendo representado à consciência como um conflito entre uma parte do ego e o agente crítico.
No trabalho da melancolia, portanto, a consciência está cônscia de uma parte que não é essencial, e nem sequer é uma parte à qual possamos atribuir o mérito de ter contribuído para o término da doença. Vemos que o ego se degrada e se enfurece contra si mesmo, e compreendemos tão pouco quanto o paciente a que é que isso pode levar e como pode modificar-se. De forma mais imediata, podemos atribuir tal função à parte inconsciente do trabalho, pois não é difícil perceber uma analogia essencial entre o trabalho da melancolia e o do luto. Do mesmo modo que o luto compele o ego a desistir do objeto, declarando-o morto e oferecendo ao ego o incentivo de continuar a viver [ver em [1]], assim também cada luta isolada da ambivalência distende a fixação da libido ao objeto, depreciando-o, denegrindo-o e mesmo, por assim dizer, matando-o. É possível que o processo no Ics. chegue a um fim, quer após a fúria ter-se dissipado, quer após o objeto ter sido abandonado como destituído de valor. Não podemos dizer qual dessas duas possibilidades é a regular ou a mais usual para levar a melancolia a um fim, nem que influência esse término exerce sobre o futuro curso do caso. O ego pode derivar daí a satisfação de saber que é o melhor dos dois, que é superior ao objeto.
Mesmo que aceitemos esse conceito a respeito do trabalho da melancolia, ele ainda não proporciona uma explanação do único ponto que nos interessa esclarecer. Esperávamos que a condição econômica para o surgimento da mania, após a melancolia ter seguido o seu curso, fosse encontrada na ambivalência que domina essa afecção, e nisso encontramos um apoio proveniente de analogias em vários outros campos. Mas existe um fato diante do qual essa expectativa tem de se render. Das três precondições da melancolia - perda do objeto, ambivalência e regressão da libido ao ego -, as duas primeiras também se encontram nas auto-recriminações obsessivas que surgem depois da ocorrência de uma morte. Indubitavelmente, nesses caso é a ambivalência que constitui a força motora do conflito, revelando-nos a observação que, depois de determinado o conflito, nada mais resta que se assemelhe ao triunfo de um estado de mente maníaco. Somos levados assim a considerar o terceiro fator como o único responsável pelo resultado. O acúmulo de catexia que, de início, fica vinculado e, terminado o trabalho da melancolia, se torna livre, fazendo com que a mania seja possível, deve ser ligado à regressão da libido ao narcisismo. O conflito dentro do ego, que a melancolia substitui pela luta pelo objeto, deve atuar como uma ferida dolorosa que exige uma anticatexia extraordinariamente elevada. - Aqui, porém, mais uma vez, será bom parar e adiar qualquer outra explicação da mania até que tenhamos obtido certa compreensão interna (insight) da natureza econômica, primeiro da dor física, depois da dor mental análoga a ela. Conforme já sabemos, a interdependência dos complicados problemas da mente nos força a interromper qualquer indagação antes que esta esteja concluída - até que o resultado de uma outra indagação possa vir em sua ajuda.

Reportagens - Nobel premia luta contra o câncer e envelhecimento

Medicina

Os americanos Elizabeth Blacburn, Carol Greider e Jack W.Szostak ganharam o prêmio Nobel de Medicina 2009 por terem resolvido o mistério de como os cromossomos - estruturas em forma de bastão que carregam o DNA - se protegem da degradação enquanto as células se dividem.
Na prática, a descoberta permitiu novas linhas de estudo contra o envelhecimento celular e para o tratamento do câncer.
Os três encontraram a solução nas extremidades dos cromossomos, em uma estrutura conhecida como telômero, comparada as pontas de plástico na ponta dos cadarços de tênis, que impedem a trama de desfiar.
Os cientistas descobriram a enzima que constrói os telômeros, a telomerase. É o controle sobre essa enzima que pode ajudar a retardar o envelhecimento e também combater o câncer.
Em 1999, cientistas da Universidade do Texas conseguiram matar células tumorais inibindo a telomerase.
Eles desenvolveram pequenos inibidores sintéticos que, colocados nas células doentes, causaram encurtamento progressivo dos telômeros e a morte dessas células.

Artigo retirado do Jornal Destak

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Textos diversos - Cirurgia de Lipoaspirção?


Pelo amor de Deus, eu não quero usar nada nem ninguém, nem falar do que não sei,nem procurar culpados, nem acusar ou apontar pessoas,mas ninguém está percebendo que toda essa busca insana pela estética ideal é muito menos lipo-as e muito mais piração?Uma coisa é saúde outra é obsessão.O mundo pirou, enlouqueceu.Hoje, Deus é a auto-imagem. Religião é dieta.Fé, só na estética. Ritual é malhação.Amor é cafona, sinceridade é careta, pudor é ridículo,sentimento é bobagem.Gordura é pecado mortal. Ruga é contravenção.Roubar pode, envelhecer não. Estria é caso de polícia. Celulite é falta de educação.Filho da puta bem sucedido é exemplo de sucesso.A máxima moderna é uma só: pagando bem, que mal tem?A sociedade consumidora, a que tem dinheiro, a que produz,não pensa em mais nada além da imagem, imagem, imagem.Imagem, estética, medidas, beleza. Nada mais importa.Não importam os sentimentos, não importa a cultura, a sabedoria, o relacionamento, a amizade, a ajuda, nada mais importa.Não importa o outro, o coletivo.Jovens não tem mais fé, nem idealismo, nem posição política.Adultos perdem o senso em busca da juventude fabricada.Ok, eu também quero me sentir bem, quero caber nas roupas, quero ficar legal, quero caminhar correr, viver muito, ter uma aparência legal mas…Uma sociedade de adolescentes anoréxicas e bulímicas, de jovens lipoaspirados, turbinados aos vinte anos não é natural. Não é, não pode ser.Que as pessoas discutam o assunto. Que alguém acorde. Que o mundo mude. Que eu me acalme. Que o amor sobreviva.‘ Cuide bem do seu amor, seja ele quem for ‘


Autor: Hebert Viana

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Ícones da Psicanálise - Bion


Wilfred Ruprecht Bion (Mathura, 1897Oxford, 1979)
Escreveu Experiências com Grupos (Londres: Tavistock, 1961), uma importante guia para os movimentos da psicoterapia de grupo e de encontro de grupo que começaram nos anos 1960, e transformaram-se rapidamente na pedra-de-toque para o trabalho de aplicações da teoria do grupo em uma larga variedade de campos. O pensamento geral de Bion enquadra-se no pensamento da escola da Teoria das Relações Objetais.
Wilfred Bion passou a infância na Índia. Aos oito anos passou a viver em um pensionato na Inglaterra e nunca mais retornou a Índia, que amava. Seus anos na escola da preparação foram os mais infelizes. A uma criança de 8 anos deve ter parecido como se alguma volta incompreensível e desastrosa do destino o tinha privado dos pais, do repouso e da luz do sol, e tinha-o despejado em uma terra estrangeira habitada por meninos pequenos, repugnantes e malditos com o mesmo maldito clima. Foi somente mais de três anos depois que viu sua mãe outra vez - e então, momentaneamente, não a reconheceu. No tempo que entrou na escola sênior já se tinha adaptado bem, "juntou-se ao inimigo" e apreciou os cinco anos seguintes. Disse sempre que o que o conservou foram seu tamanho grande, sua força física e habilidade atlética.
Saiu da escola em 1915, imediatamente antes do seu 18º aniversário, e juntou-se ao Regimento Real de Tanques em 1916, durante a Primeira Guerra Mundial. Serviu na França e esteve no serviço ativo até o fim da guerra. Recebeu o DSO (Distinguished Service Order), e a Legião de Honra. Subseqüentemente, estudou história no Queen's College da Universidade de Oxford e medicina na University College London. Bion dedicou-se muito a natação e o rugby, e tornou-se excelente desportista.
Formado em medicina, seu interesse na psicanálise aumentou. Submeteu-se então, a um treinamento em análise supervisionado pela psicanalista Melanie Klein - pioneira no estudo da relação mãe e filho, na idade de latente - que influenciou o pensamento de Bion.
Bion foi psiquiatra no exército britânico durante a Segunda Guerra Mundial, trabalhando em maneiras de melhorar a seleção dos oficiais e tratando vítimas. É conhecido particularmente pelo seu trabalho no Tavistock Institute, em Londres. De seu trabalho com o exército, reteve um foco em indivíduos e em grupos.
Melanie Klein não era simpática ao seu trabalho com grupos: em sua opinião estava em contradição com o trabalho analítico. Ela suspeitava de algumas de suas teorias psicanalíticas, embora reconhecesse finalmente sua validez. Bion, por seu lado, não considerava o trabalho com grupos como divorciado totalmente daquele da análise.
Durante a guerra, casou-se uma atriz bem conhecida, Betty Jardine, que morreu tragicamente quando sua filha nasceu em 1945. Assim no fim da guerra estava aflito, com um bebê para cuidar, muito pouco dinheiro e nenhuma renda regular. Foi liberado do serviço para cuidar da criança. Sua educação era difícil. Tornou-se estranha a ele e foi-se para a Itália com 17 anos. Reconciliaram-se mais tarde e ela transformou-se em uma psicanalista considerada, mas morreu prematuramente em um choque de carro em 1998.
Bion apaixonou-se por Francesca, que se transformou em sua segunda esposa. Existe um volume de suas cartas ardentes que foram publicadas em um segundo volume de sua autobiografia: Todos os meus Pecados de Amor Recordados (1985).
Durante os anos 40, produziu seu trabalho abrindo caminho na dinâmica de grupo, sendo Experiências com Grupos o ápice desse trabalho. Abandonando seu trabalho neste campo no favor da prática psicanalítica, elevou-se subseqüentemente à posição do diretor da Clínica de Psicanálise de Londres (1956-1962).
Mais tarde tentou compreender os pensamentos e o pensar a partir de um método matemático e científico, acreditando existir preconceitos no vocabulário existente. Mais tarde ele abandonou a aproximação matemática e científica para uma compreensão mais estética e intuitiva, acreditando que a experiência da verdade entre o psicanalista e o paciente era algo quase místico.
De 1962 até 1965, Bion foi presidente da Sociedade Psicanalítica Britânica.
Passou seus últimos anos em Los Angeles, Califórnia. Realizou diversos seminário no Brasil a partir da década de 1970, influenciando profundamente diversos profissionais da área.

Ícones da Psicanálise - Sándor Ferenczi


Sandor Ferenczi (1873-1933), médico psiquiatra, psicanalista húngaro, originário de uma família de judeus poloneses imigrantes e o clínico mais talentoso da história do freudismo. Estava ligado a Freud, desde1906, sendo o discípulo favorito, e um dos raros amigos, é com E. Jones e K. Abraham, um dos maiores colaboradores para o desenvolvimento da psicanálise fora da Áustria. O sucesso das idéias freudianas na Hungria permitiu que Ferenczi abrisse uma clínica e até mesmo, durante a curta duração do governo Bela Kun, que ensinasse psicanálise na universidade. Porém, a partir de 1923, começam a surgir divergências entre Freud e Ferenczi, alimentadas pela complexidade dos vínculos afetivos existentes entre eles.Foi no plano técnico que Ferenczi desenvolveu suas contribuições mais originais. A fim de evitar que uma parte demasiado grande da energia psíquica encontrasse satisfações substitutivas, o que iria entravar o tratamento, ele propôs uma “técnica ativa”, que proibiria tais satisfações, mas que também poderia incitar a enfrentar as situações patológicas. Diante das dificuldades ligadas a essa técnica, que, amiúde, reforçava as resistências, ele modificou por completo sua técnica, que irá se assemelhar a uma forma de relaxação. Finalmente, chega a conceber uma espécie de análise mútua, destinada a impedir que os desejos inconscientes do analista interfiram no tratamento. Hoje, suas soluções quase não são retomadas, mas suas perguntas constituem a prova de uma consciência aguda de sua responsabilidade terapeuta.No plano teórico, as pesquisas de Ferenczi objetivam a constituição de uma nova ciência, a bioanálise, que é uma extensão da teoria psicanalítica à área da biologia, ou à psicanálise das origens, segundo a qual a existência intra-uterina seria a repetição de formas anteriores de vida, cuja origem é marinha. O nascimento seria a perda do estado originário, ao qual todos os seres vivos aspiram retornar.Diferente de Freud, que fez de tudo para livrar-se dela, Ferenczi interessou-se ao longo de toda sua obra pela Hipnose, porém sem utilizar-se de técnicas hipnóticas para realizar a cura psíquica. Ferenczi pôde se interessar pelas situações onde o psíquico se fazia articular hipnoticamente, seja através do impacto das experiências traumáticas, seja pelo viés da transferência na clínica, ou mesmo pela forma como se formalizavam as identificações na cadeia desejante dos seus pacientes.

A hipnose mostrou ser para Ferenczi , menos um fenômeno do que uma materialização constituinte do desejo humano .Ferenczi também contribuiu de forma interessante à teoria do simbolismo. Por outro lado, abriu o caminho para uma abordagem mais atenta das relações primárias da mãe com o filho, que iria ser desenvolvida por Alice e Michael Balint.

Arquivo Pessoal - Coragem



Temos dentro de nós algo incomensurável, mas talvez por sermos um tanto comedidos, a deixamos de lado muitas vezes e até passamos por covardes por não tomar as atitudes que aqueles que nos rotulam dizem que fariam caso estivessem em nosso lugar. Falo da Coragem, a “sanidade dos loucos” que executam suas ações de acordo com sua “consciência” se bem que temos também um quê de insanos quando sobrepomos a nossa emoção a razão. Vivemos constantemente o incerto, por mais certo que nos pareça, não temos o poder sobre o tempo ainda que seu controle nos seja acessível e a cada minuto corrente somos colocados à prova, ora no trabalho, ora em casa em família, ora por aqueles que nos são próximos e até por quem sequer conhecemos direito; Envoltos com inúmeros compromissos, às vezes nos deixamos levar pelo desânimo, caímos, escapamos pelas beiradas, porque parece que seremos soterrados por uma avalanche de problemas, questionamentos e censuras onde titubeamos, ficamos descrentes diante do que vemos, acovardamos; É preciso que acreditemos mais em nós, nessa energia que nos faz querer ir em frente, ir buscar, romper barreiras ainda que pareçam muralhas intransponíveis, mas que certamente guardam atrás de si inúmeros “mistérios e segredos” que nos poderão ser revelados se fizermos uso de nossa Coragem para transpô-las.


Autor: Cesar Braga

Frases do Blog - Frases

"Só em nós mesmos podemos mudar alguma coisa; nos outros é uma tarefa quase impossível"
Carl Gustav Jung

Reportagens - Descanso é bom. Mas tem que ser na medida certa

Boa noticia para quem gosta de dormir: pesquisas recentes realizadas na Inglaterra indicam que uma boa noite de sono ajuda a manter o coração saudável e a redução das horas de descanso pode colaborar para o desenvolvimento de doenças cardíacas.
Segundo o estudo dos cientistas ingleses, pessoas que reduziram seu ciclo de sono de sete horas para cinco horas, têm, de 11 a 17 anos depois, aumentadas em 70% suas possibilidades de ter um problema no coração.
O estudo acompanhou os hábitos de sono de pouco mais de dez mil funcionários públicos britânicos ao longo de 17 anos.
Os médicos explicam que o sono é um período de repouso para o sistema cardiovascular.
A pressão cai e há uma redução de 10% na frequencia cardíaca em relação a quando se está acordado. Dormir em média sete horas, afirmam, é ótimo para a saúde. Mais do que isso pode trazer problemas, mas eles lembram que cada pessoa tem suas necessidades próprias. Uma mudança nos hábitos - um "dorminhoco" que passa a dormir poucas horas por exemplo - pode ser o sinal de que alguma coisa não está bem.
Pesquisadores americanos da Universidade de Chicago concordam: não dormir tem consequências bem mais graves do que olheiras na manhã seguinte. Estudo publicado no Journal of the American Medical Association afirma que dormir pouco pode provocar arterosclerose por acúmulo de cálcio nas artérias.
A equipe de Chicago examinou 495 pessoas entre 35 e 47 anos: 27% declararam dormir menos de cinco horas por noite e apresentavam placas de cáclcio no sangue. Essas placas apareceram em 11% dos que dormiam sete horas em média e em 6% dos que dormiam mais de sete horas.
Os pesquisados, todos voluntários, usaram um monitor preso ao pulso, que media e gravava as atividades da pessoa a cada 30 segundos, quando o monitor permanecia sem registro, é porque a pessoa estava dormindo.
O cuidado, explicou a doutora Diane Lauderdale, que comandou a pesquisa americana, é porque os mais recentes estudos sobre a relação sono e doenças cardíacas ainda são considerados inconclusivos por serem baseados em declarações das pessoas.
Para Diane Lauderdale, a pesquisa mostra que o sono deve ser levado em consideração tanto por médicos como por pacientes quando se fala em doenças cardíacas.
"Temos evidências suficientes para não ignorar que existe uma relação", diz ela. "Agora, quando falarmos em fatores de risco, temos mais um coisa importante a incluir: a necessidade de dormir bem".
"Dormir é importante para todos, das crianças aos idosos", concorda o médico japonês Kazuo Euguchi, da Universidade de Medicina de Tochigi. "Mas é mais importante para os que têm algum fator de risco cardiovascular, como hipertensão." Eguchi acompanhou, durante 50 meses, 1225 pacientes com 70 anos e histórico de hipertensão. Durante esse período os pesquisados registraram seus hábitos de dormir num diário e usaram um aparelho que media a pressão a cada 30 minutos.
Os eventos cardiovasculares registrados na pesquisa foram, na maioria, entre as pessoas que dormiam menos de sete horas.
No geral, os pesquisadores afirmam que os adultos devem dormir entre sete e oito horas. Para Eguchi, isso ficou claro em relação às pessoas idosas que fizeram parte de sua pesquisa. Mas, ressalva, "são necessários mais estudos que diferenciem o bom sono do mau sono".
Artigo extraido do Jornal O Estado de São Paulo 27/09/2009 - Coração

Reportagens - Mortalidade do câncer de mama cai 27% em duas décadas

Estudo divulgado no fim de semana, pela American Cancer Society revela que a mortalidade causada pelo câncer de mama caiu 27% nos últimos 20 anos nos países desenvolvidos.
De acordo com os pesquisadores americanos, dois fatores principais explicam a redução de casos: o diagnóstico precoce da doença aumentou, com a melhora tecnológica dos equipamentos de detecção e o desenvolvimento de novas drogas.
A principal substância utilizada atualmente pelos médicos é o tamoxifeno."Quase 80% dos cânceres mamários estão relacionados a questões hormonais e essa é uma droga que funciona muito bem com esses tipos de tumores", afirma um trecho da pesquisa.
O tamoxifeno também tem sido usado como fator preventivo em pacientes que têm maiores probabilidades de desenvolver a doença.
De acordo com os especialistas, o medicamento pode reduzir em até 50% o surgimento de tumores mamários.
Com a diminuição da mortalidade do câncer de mama em duas décadas, a doença que mais vitima as mulheres nos países desenvolvidos passou a ser o câncer de pulmão, cuja mortalidade duplicou nos últimos 30 anos.
Artigo extraido do jornal Destak de 05/10/2009.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Ícones da Psicanálise - Winnicott


Winnicott nasceu em Plymouth, Devon, Inglaterra em 7 de abril de 1896, filho de Elizabeth Martha (Woods) Winnicott e do Sr. John Frederick Winnicott, um comerciante que se tornou cavaleiro em 1924 após servir duas vezes como prefeito de Plymouth.
A família era próspera e aparentemente feliz, mas atrás desse verniz, Winnicott se viu como oprimido por uma mãe com tendências depressivas como também por duas irmãs e uma babá. Foi a influência do seu pai, que era um livre-pensador e empreendedor que o encorajou em sua criatividade. Winnicott se descreveu como um adolescente perturbado, reagindo contra a própria auto-repressão que adquirindo sua capacidade de cuidar ao tentar suavizar os sombrios humores de sua mãe. Estas sementes de autoconsciência se tornaram a base do interesse dele trabalhando com pessoas jovens e problemáticas.
Decidindo se tornar um médico, ele começou a estudar medicina em Cambridge mas interrompeu seus estudos para servir como cirurgião aprendiz - residente em um navio (destroyer) britânico, o HMS Lúcifer, durante a Primeira Guerra Mundial. Ele completou sua formação em medicina em 1920 e em 1923, no mesmo ano do seu primeiro casamento com Alice Taylor, foi contratado como médico no Paddington Green Children's Hospital em Londres. Foi também em 1923, que Winnicott iniciou sua análise pessoal com James Strachey (1887 – 1967), o tradutor das obras de Sigmund Freud para o inglês.
Em 1927 Winnicott foi aceito como iniciante na Sociedade Britânica de Psicanálise, qualificado como analista em 1934 e como analista de crianças em 1935. Ele ainda estava trabalhando no hospital infantil e posteriormente comentou que... ”naquele momento nenhum outro analista era também um pediatra, assim durante duas ou três décadas eu fui fenômeno isolado…" O tratamento de crianças mentalmente transtornadas e das suas mães lhe deu a experiência com a qual ele construiria a maioria das suas originais teorias. E o curto período de tempo que ele poderia dedicar-se a cada caso o conduziu ao desenvolvimento das suas "inter - consultas terapêuticas." outra inovação da prática clínica que introduziu.
Um acontecimento relevante da vida desse autor foi a chegada em Londres, no ano 1926, de Melanie Klein (1882-1960), uma das mais importantes analistas de criança da sua época, logo fazendo escola e seguidores. Winnicott aproximou-se e fez uma análise adicional com um deles, Joan Rivière ( - ). A convicção do Kleinianos na importância suprema, para saúde psíquica, do primeiro ano da vida da criança, foi compartilhada por Winnicott. Contudo esta visão diverge um pouco da de Freud e de sua a filha Anna Freud (1895—1982)- ela mesma uma analista de crianças, que também vieram para Londres em 1938, refugiados do Nazismo na Áustria. Esboçando-se uma divisão dentro da Sociedade Psicanalítica Britânica entre os Freudianos ortodoxos e o Kleinianos; mas ao final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, um acordo tipicamente britânico estabeleceu três cordiais grupos: os Freudianos, o Kleinianos e um grupo “conciliador" ao qual Winnicott pertenceu juntamente com Michael Balint ( - ) e John Bowlby (1907–1990).
Para Freud, ao brincar, a criança tem prazer na aparente onipotência que adquire ao manipular os objetos cotidianos associando-os a símbolos imaginários como no jogo fort-da que evocava a presença da mãe na análise infantil que realizou. Não há dúvidas, porém que foi Melanie Klein quem efetivamente trouxe a brincadeira para o trabalho psicanalítico com crianças. Klein reconhecera uma similitude entre (1) a atividade lúdica infantil e o sonho do adulto, e (2) as verbalizações da criança ao brincar e a associação livre clássica. Discípulo de Klein, Winnicott redimensiona a brincadeira, situando o brincar do analista e o valor que essa atividade possui em si, instituída como uma atividade infantil, e que também faz parte do mundo adulto. Para ele os analistas infantis por se ocuparem tanto dos possíveis significados do brincar não possuíam um claro enunciado descritivo sobre o brincar. Para ele “Brincar é algo além de imaginar e desejar, brincar é o fazer.
Durante os anos de guerra trabalhou como consultor psiquiátrico de crianças seriamente transtornadas que tinham sido evacuadas de Londres e outras cidades grandes, e separado de suas famílias. Ele continuou trabalhando ao Paddington Green Children's Hospital nos anos 1960.
Depois que a guerra Winnicott tornou-se um médico contratado do Departamento Infantil do Instituto de Psicanálise durante 25 anos; foi presidente da Sociedade Britânica de Psicanálise por duas gestões; membro da UNESCO e do grupo de experts da OMS; atuou como professor no Instituto de Educação e na London School of Economics, da Universidade de Londres; dissertou e escreveu amplamente como atividade profissional independente.
Ele divorciou-se de sua primeira esposa em 1951 e, nesse mesmo ano, casou-se com Elsie Clare Nimmo Britton, assistente social psiquiátrica e psicanalista. Morreu em 28 de janeiro de 1971, após o último de uma série de ataques de coração e foi cremado em Londres.
Para Winnicott, cada ser humano traz um potencial inato para amadurecer, para se integrar; porém, o fato de essa tendência ser inata não garante que ela realmente vá ocorrer. Isto dependerá de um ambiente facilitador que forneça cuidados que precisa, sendo que, no início, esse ambiente é representado pela mãe suficientemente boa. É importante ressaltar que esses cuidados dependem da necessidade de cada criança, pois cada ser humano responderá ao ambiente de forma própria, apresentando, a cada momento, condições, potencialidades e dificuldades diferentes.
Segundo esse autor a mãe suficientemente boa (não necessariamente a própria mãe do bebê) é aquela que efetua uma adaptação ativa às necessidades do bebê, uma adaptação que diminui gradativamente, segundo a capacidade deste em aquilatar o fracasso da adaptação e em tolerar os resultados da frustração. (Winnicott, 1971)
Assim, podemos pensar que, se amadurecer significa alcançar o desenvolvimento do que é potencialmente intrínseco, possíveis dificuldades da mãe em olhar para o filho como diferente dela, com capacidade de alcançar certa autonomia, podem tornar o ambiente não suficientemente bom para aquela criança amadurecer. Não basta, apenas, que a mãe olhe para o seu filho com o intuito de realizar actividades mecânicas que supram as necessidades dele; é necessário que ela perceba como fazer para satisfazê-lo e possa reconhecê-lo em suas particularidades.
Num artigo intitulado “A mãe dedicada comum”, escrito em 1966 e publicado numa colectânea de conferências e palestras radiofónicas, Winnicott descreveu um estado psicológico especial, um modo típico que acomete as mulheres gestantes no final da gestação e nas semanas que sucedem o parto. Nessa palestra, o autor nos conta como, em 1949, surgiu quase que por acaso a expressão "mãe dedicada comum", que serviu para designar a mãe capaz de vivenciar esse estado, voltando-se naturalmente para as tarefas da maternidade, temporariamente alienada de outras funções, sociais e profissionais.
Trata-se, pois, de uma condição psicológica muito especial, de sensibilidade aumentada, que Winnicott chega a comparar a uma doença, uma dissociação, um estado esquizóide, que, no entanto, é considerado normal durante esse período. Observe-se também que não é raro um surto psicótico típico nesse período, o que se denomina psicose puerperal.
Winnicott afirma que, na base do complexo de sensações e sentimentos peculiares dessa fase, está um movimento regressivo da mãe na direcção de suas próprias experiências enquanto bebê e das memórias acumuladas ao longo da vida, concernentes ao cuidado e protecção de crianças.
Tão gradualmente como se instala, em condições normais, o estado de “preocupação materna primária” deve dissipar-se. Essas condições incluem a saúde física do bebé e da mãe, após um parto não traumático, uma amamentação tranqüila e pouca interferência de elementos stressantes.
Após algumas semanas de intensa adaptação às necessidades do recém–nascido, este sinaliza que seu amadurecimento já o torna apto a suportar as falhas maternas. A mãe suficientemente boa deve compreender esse movimento do bebé rumo à dependência relativa e a ele corresponder, permitindo-se falhas que abrirão espaço ao desenvolvimento.
De fato, na obra de Winnicott (1979/1983; 1988/2002) encontramos que a capacidade das mães em dedicar a seus filhos toda a atenção de que precisam, atendendo suas necessidades de alimentação, higiene, acalento ou no simples contacto sem actividades, cria condições para a manifestação do sentimento de unidade entre duas pessoas. Da relação saudável que ocorre entre a mãe e o bebé, emergem os fundamentos da constituição da pessoa e do desenvolvimento emocional-afetivo da criança.
A capacidade da mãe em se identificar com seu filho permite-lhe satisfazer a função sintetizada por Winnicott na expressão holding. Ela é a base para o que gradativamente se transforma em um ser que experimenta a si mesmo. A função do holding em termos psicológicos é fornecer apoio egóico, em particular na fase de dependência absoluta antes do aparecimento da integração do ego. O holding inclui principalmente o segurar fisicamente o bebé, que é uma forma de amar; contudo, também se amplia a ponto de incluir a provisão ambiental total anterior ao conceito de viver com, isto é, da emergência do bebé como uma pessoa separada que se relaciona com outras pessoas separadas dele.
Winnicott (1979/1983) também coloca que a mãe, ao tocar seu bebé, manipulá-lo, aconchegá-lo, falar com ele, acaba promovendo um arranjo entre soma (o organismo considerado fisicamente) e psique e, principalmente ao olhá-lo, ela se oferece como espelho no qual o bebé pode se ver.
Na visão winnicottiana, já nos primórdios da existência, é fundamental para a constituição do self o modo como a mãe coloca o bebé no colo e o carrega; dá-se, assim, a continuidade entre o inato, a realidade psíquica e um esquema corporal pessoal.
O holding é necessário desde a dependência absoluta até a autonomia do bebé, ou seja, quando os espaços psíquicos entre este e sua mãe já estão perfeitamente distintos.
Winnicott (1976/1983), visando mostrar a pais leigos a importância do que eles faziam naturalmente, traz uma descrição mais concreta do que está envolvido no holding:
Protege da agressão fisiológica, leva em conta a sensibilidade cutânea do lactente – tacto, temperatura, sensibilidade auditiva, sensibilidade visual, sensibilidade à queda (acção da gravidade) e a falta de conhecimento do lactente da existência de qualquer coisa que não seja ele mesmo. Inclui a rotina completa do cuidado dia e noite, e não é o mesmo que com dois lactentes, porque é parte do lactente, e dois lactentes nunca são iguais. Segue também as mudanças instantâneas do dia-a-dia que fazem parte do crescimento e do desenvolvimento do lactente, tanto físico como psicológico. (Winnicott, 1979/1983, p.48)
Em sua teoria, conforme colocado anteriormente, afirma que o “estado de preocupação materna primária” implica uma regressão parcial por parte da mãe, a fim de identificar-se com o bebé e, assim, saber do que ele precisa, mas, ao mesmo tempo, ela mantém o seu lugar de adulta. É, ainda, um estado temporário, pois o bebé naturalmente passará da “dependência absoluta” para a “dependência relativa”, o que é essencial para o seu amadurecimento.
A dependência absoluta refere-se ao fato de o bebé depender inteiramente da mãe para ser e para realizar sua tendência inata à integração em uma unidade. À medida que a integração torna-se mais consistente, o amadurecimento exige que, vagarosamente, algo do mundo externo se misture à área de omnipotência do bebé. Ser capaz de adoptar um objecto transaccional já anuncia que esse processo está em curso e, a partir daí, algumas mudanças se insinuam. O bebé está passando para a dependência relativa e pode se tornar consciente da necessidade dos detalhes do cuidado maternal e relacioná-los, numa dimensão crescente, a impulsos pessoais.
No início da passagem da dependência absoluta para a dependência relativa, os objectos transaccionais exercem a indispensável função de amparo, por substituírem a mãe que se desadapta e desilude o bebé. A transaccionalidade marca o início da desmistura, da quebra da unidade mãe-bebê.
Na progressão da dependência absoluta até a relativa, Winnicott (1988/2002) definiu três realizações principais:
integração,
personificação e
início das relações objectivas.
É nesse período de dependência relativa que o bebé vive estados de integração e não integração, forma conceitos de eu e não – eu, mundo externo e interno, estágio de concernimento, podendo então seguir em seu amadurecimento, no que o autor denomina independência relativa ou rumo à independência. Aqui, o bebé desenvolve meios para poder prescindir do cuidado maternal. Isto é conseguido mediante a acumulação de memórias de maternagem, da projecção de necessidades pessoais e da introjeção dos detalhes do cuidado maternal, com o desenvolvimento da confiança no ambiente.
É importante ressaltar que, segundo Winnicott, a independência nunca é absoluta. O indivíduo sadio não se torna isolado, mas se relaciona com o ambiente de tal modo que pode se dizer que ambos se tornam interdependentes.