domingo, 4 de outubro de 2009

Arquivo Pessoal - Folhas Secas



Enfraquecidas pela ausência do calor, desprovidas de energia que as motivem a continuar, extenuadas pelo frio que se aproxima, elas não resistem mais, secam e caem. Fragmentadas, viajam com o vento, pelas ruas, pelos telhados das casas e pelos jardins. Já não são mais tão belas, são apenas folhas secas, que um dia ostentaram a beleza de frondosas copas e deram sombra, frescor e descanso aos forasteiros que por elas passaram e nem sequer notaram sua presença ali. Assim também nós, seres humanos, por vezes acabamos por nos tornar folhas secas, quando deixamos o nosso coração esfriar e deixamos de amar, quando achamos que não haverá mais a “seiva” que nos alimenta e nos da vida e vontade para viver a vida em sua plenitude, quando não acreditamos mais em nós mesmos e que o amor acabou e nada mais valerá a pena. Nos tornamos frágeis a ponto de deixar que qualquer brisa nos leve para onde for. Somos os frutos de nossas atitudes, somos o resultado de nossos pensamentos e palavras “lançadas” a sorte dos ouvidos alheios, sem nos darmos a importância se ferirão ou não quem estiver ouvindo. Ficamos ressecados pela falta de humildade para poder acolher o outro e caímos impulsionados pela força do egoísmo que faz o homem pensar apenas em si. Nas árvores dos bosques, na próxima primavera, nascerão novas folhas que embelezarão novamente as copas, que acolherão viajantes em suas sombras e depois completarão outro ciclo. Mas e quanto a nós? Seremos capazes de recriar nossa sensibilidade para o novo e deixar a vida entrar com toda sua magnitude ou seremos apenas folhas secas? ...

Autor: Cesar Braga

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